O Uso Excessivo de Smartphones pelos Pais Pode Afetar a Saúde Mental das Crianças

Uma cena comum em muitas casas é a de uma criança compartilhando suas experiências, enquanto os pais, imersos em seus smartphones, não prestam atenção. Essa situação, que ocorre diariamente, pode ter consequências graves para a saúde mental dos pequenos. Um estudo recente revela que crianças de 9 a 11 anos cujos pais passam muito tempo em seus celulares apresentam uma maior propensão a desenvolver ansiedade, além de problemas de atenção e hiperatividade.

Impactos da Tecnoferência nas Crianças

A pesquisa aponta que as necessidades emocionais e físicas das crianças, quando constantemente ignoradas, podem levá-las a dificuldades de saúde mental. Os dados indicam que, atualmente, os pais dedicam, em média, mais de cinco horas por dia em seus smartphones, sendo que passam 27% desse tempo mesmo quando estão com os filhos. Mais da metade dos pais admitiu que frequentemente se distrai com os dispositivos enquanto interagem com seus filhos.

A chamada "tecnoferência", que une as palavras tecnologia e interferência, resulta em menos atenção dedicada às crianças, diminuindo momentos de conversa e brincadeiras, o que, potencialmente, aumenta o risco de lesões infantis. Com o passar do tempo, este fenômeno tem sido relacionado a altos níveis de conflito entre pais e filhos e a uma redução no apoio emocional que os pais proporcionam.

Estudo Detalhado e Resultados

Pesquisadores analisaram dados de mais de mil crianças canadenses, com idades entre 9 e 11 anos, entre 2020 e 2022. Os participantes responderam a perguntas sobre seus sentimentos em relação ao uso do celular pelos pais, expressando ansiedade e frustração por não receber atenção. Avaliações sobre sintomas de ansiedade, depressão e hiperatividade também foram realizadas.

Os resultados mostraram uma correlação entre altos níveis de ansiedade nas crianças e a percepção de "tecnoferência" dos pais. A relação entre o tempo que os pais passam em smartphones e o desenvolvimento de desatenção nas crianças foi igualmente observada, sem diferenças significativas relacionadas ao sexo.

Conclusões e Reflexões sobre o Uso de Tecnologia

Embora os resultados sejam preocupantes, determinar a direção dessa relação é desafiador. Ou seja, é incerto se a ansiedade infantil é resultado da distração dos pais com os smartphones, ou se pais de crianças com problemas de comportamento buscam os dispositivos para escapar da realidade. Contudo, parece evidente que um ciclo pode se formar, onde o uso excessivo dos celulares pelos pais contribui para o aumento da desatenção e hiperatividade nas crianças.

Este estudo enfatiza a complexidade das interações entre o uso de tecnologia pelos pais e a saúde mental das crianças, apontando a necessidade de uma reflexão profunda sobre o equilíbrio no uso de dispositivos móveis nos lares.